terça-feira, 1 de abril de 2014

Educação Ambiental e a Mídia

Educação Ambiental e a Mídia


            Não há dúvida que a Educação Ambiental (EA) faz parte do nosso dia-a-dia. Encontra-se cada vez mais  presente e ocupando  espaços na mídia falada, escrita, virtual e outros meios que nos fazem pensar e refletir a respeito do mundo que queremos para nós e para nossos filhos. O problema é sabermos se a informação que está sendo veiculada está correta, mostra todos os lados da questão ou é manipuladora e apresenta um discurso midiático direcionado por um jogo de interesses que faz parte daqueles que detém o poder de comunicação. Os assuntos abordados na mídia sobre Educação Ambiental ficam restritos aquilo que dá mais audiência, muitos assuntos ficam de fora porque não são considerados interessantes.
            Observando alguns programas de televisão cujo foco é a Educação Ambiental, percebe-se que há pouca informação envolvendo os temas abordados em EA e muita imagem bonita sobre o assunto, há pouco aprofundamento da questão ambiental em si. Alguns programas de dizem educativos, essa é a proposta pedagógica, mas  eles acabam focando nas imagens maravilhosas, em uma realidade muitas vezes distante do público em geral. Apresentam soluções para os problemas, que as vezes  parecem duvidosas, sem um embasamento mais sólido. Fica a impressão que é um filme muito bonito, com imagens bonitas que apresenta situações que parecem muito distante da nossa realidade.
            Alguns programas tratam de assuntos genéricos como, comportamento, ciências e aventura, ecologia e assuntos da atualidade. Muitas das suas produções focam no meio ambiente, mas também aí se percebe que a questão não é abordada de forma profunda. Também aqui é supervalorizada a apresentação das imagens, pouco enfatizando o que de real é feito pelo meio ambiente em termos de política pública e o quanto os governos estão comprometidos ou não, com a problemática ambiental. O público acaba vendo uma realidade distante do que realmente acontece e do que está sendo feito de verdade.
            É muita informação circulando a respeito desse tema que não é tratada com a devida importância. Não podemos esquecer que por trás da mídia há o poder econômico dando os rumos dessa abordagem e focando em um público específico. É o capitalismo ditando as regras. Mesmo não sendo o ideal, a mídia traz até certo ponto uma visibilidade e provoca uma reflexão, mesmo que superficial sobre o assunto, e dá a conhecer sobre entidades, movimentos ambientais e leis sobre a temática ambiental. Para muitas pessoas o principal meio de obter informação é através da mídia.
            Pesquisando alguns sites que tratam especificamente desse tema, percebo que a abordagem não chega a ser muito diferente. Alguns divulgam assuntos de natureza ecológica e a respeito de sustentabilidade, fazem algumas denúncias e apresentam soluções. A notícia é mais de caráter informativo, não se amplia o debate acerca dos verdadeiros problemas, não se chega a causa propriamente dita. É uma forma de se discutir a questão ambiental de maneira que ela atinja um público específico e gere muitos acessos ao site, o que vai fazer com que mais pessoas e empresas queiram investir em publicidade e propaganda nesse espaço.
            Alguns sites eletrônicos com informações gerais (inclusive sobre meio ambiente) ), possui um espaço destinado a sustentabilidade e meio  ambiente, voltado somente para notícias e não para a  discussão das temáticas ambientais. Nota-se que há uma maneira hegemônica da mídia em abordar os temas ambientais. Essa abordagem se dá pelo próprio sistema capitalista em que vivemos, influenciado pela política e pelas ideologias dominantes além é claro da influência direta daqueles que patrocinam esses meios de comunicação. Falta profundidade e clareza para tratar dessas questões.
            Baseada nessas pesquisas, a conclusão é de que a macro tendência a que a Educação Ambiental está vinculada, e que está em ascensão, é a vertente pragmática. Dentre as suas características estão a ausência de reflexão, e sem ela não se pode entender as causas e as consequências  dos problemas ambientais. A mídia representa o sistema econômico predominante no país e as informações passadas são superficiais, normalmente de acontecimentos que estão distantes do público e da sua realidade. Não se pode negar que a mídia contribui para que as questões ambientais sejam difundidas, mas a conscientização que leva o cidadão a querer lutar e participar das mudanças e dos projetos que envolvem as questões ambientais ainda está longe de ocorrer através desses meios de comunicação.
             Quebrar essa hegemonia não é tarefa simples. Enquanto a audiência e o dinheiro pautarem o que deve ser mostrado e discutido na mídia, restará aqueles que se importam com o meio ambiente procurar outras formas de tomar conhecimento e de intervir, discutir e participar de forma mais ativa, consciente e reflexiva sobre os  problemas ambientais que envolvem o planeta.
Mariene Hildebrando
Especialista em Direitos Humanos
e-mail: marihfreitas@hotmail.com


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