Educação
Ambiental e a Mídia
Não há dúvida que a Educação
Ambiental (EA) faz parte do nosso dia-a-dia. Encontra-se cada vez mais presente e ocupando espaços na mídia falada, escrita, virtual e
outros meios que nos fazem pensar e refletir a respeito do mundo que queremos
para nós e para nossos filhos. O problema é sabermos se a informação que está
sendo veiculada está correta, mostra todos os lados da questão ou é
manipuladora e apresenta um discurso midiático direcionado por um jogo de
interesses que faz parte daqueles que detém o poder de comunicação. Os assuntos
abordados na mídia sobre Educação Ambiental ficam restritos aquilo que dá mais
audiência, muitos assuntos ficam de fora porque não são considerados
interessantes.
Observando alguns programas de
televisão cujo foco é a Educação Ambiental, percebe-se que há pouca informação
envolvendo os temas abordados em EA e muita imagem bonita sobre o assunto, há
pouco aprofundamento da questão ambiental em si. Alguns programas de dizem
educativos, essa é a proposta pedagógica, mas
eles acabam focando nas imagens maravilhosas, em uma realidade muitas
vezes distante do público em geral. Apresentam soluções para os problemas, que
as vezes parecem duvidosas, sem um
embasamento mais sólido. Fica a impressão que é um filme muito bonito, com
imagens bonitas que apresenta situações que parecem muito distante da nossa
realidade.
Alguns programas tratam de assuntos
genéricos como, comportamento, ciências e aventura, ecologia e assuntos da
atualidade. Muitas das suas produções focam no meio ambiente, mas também aí se
percebe que a questão não é abordada de forma profunda. Também aqui é
supervalorizada a apresentação das imagens, pouco enfatizando o que de real é
feito pelo meio ambiente em termos de política pública e o quanto os governos
estão comprometidos ou não, com a problemática ambiental. O público acaba vendo
uma realidade distante do que realmente acontece e do que está sendo feito de
verdade.
É muita informação circulando a
respeito desse tema que não é tratada com a devida importância. Não podemos
esquecer que por trás da mídia há o poder econômico dando os rumos dessa
abordagem e focando em um público específico. É o capitalismo ditando as regras.
Mesmo não sendo o ideal, a mídia traz até certo ponto uma visibilidade e
provoca uma reflexão, mesmo que superficial sobre o assunto, e dá a conhecer
sobre entidades, movimentos ambientais e leis sobre a temática ambiental. Para
muitas pessoas o principal meio de obter informação é através da mídia.
Pesquisando alguns sites que tratam
especificamente desse tema, percebo que a abordagem não chega a ser muito
diferente. Alguns divulgam assuntos de natureza ecológica e a respeito de
sustentabilidade, fazem algumas denúncias e apresentam soluções. A notícia é
mais de caráter informativo, não se amplia o debate acerca dos verdadeiros
problemas, não se chega a causa propriamente dita. É uma forma de se discutir a
questão ambiental de maneira que ela atinja um público específico e gere muitos
acessos ao site, o que vai fazer com que mais pessoas e empresas queiram
investir em publicidade e propaganda nesse espaço.
Alguns sites eletrônicos com
informações gerais (inclusive sobre meio ambiente) ), possui um espaço
destinado a sustentabilidade e meio
ambiente, voltado somente para notícias e não para a discussão das temáticas ambientais. Nota-se
que há uma maneira hegemônica da mídia em abordar os temas ambientais. Essa
abordagem se dá pelo próprio sistema capitalista em que vivemos, influenciado
pela política e pelas ideologias dominantes além é claro da influência direta
daqueles que patrocinam esses meios de comunicação. Falta profundidade e
clareza para tratar dessas questões.
Baseada nessas pesquisas, a conclusão
é de que a macro tendência a que a Educação Ambiental está vinculada, e que
está em ascensão, é a vertente pragmática. Dentre as suas características estão
a ausência de reflexão, e sem ela não se pode entender as causas e as
consequências dos problemas ambientais.
A mídia representa o sistema econômico predominante no país e as informações
passadas são superficiais, normalmente de acontecimentos que estão distantes do
público e da sua realidade. Não se pode negar que a mídia contribui para que as
questões ambientais sejam difundidas, mas a conscientização que leva o cidadão
a querer lutar e participar das mudanças e dos projetos que envolvem as
questões ambientais ainda está longe de ocorrer através desses meios de
comunicação.
Quebrar essa hegemonia não é tarefa simples.
Enquanto a audiência e o dinheiro pautarem o que deve ser mostrado e discutido
na mídia, restará aqueles que se importam com o meio ambiente procurar outras
formas de tomar conhecimento e de intervir, discutir e participar de forma mais
ativa, consciente e reflexiva sobre os
problemas ambientais que envolvem o planeta.
Mariene Hildebrando
Especialista em Direitos Humanos
e-mail: marihfreitas@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário