terça-feira, 18 de novembro de 2014

Maior parte dos jovens no mundo não tem acesso à educação, mostra relatório da ONU


em.com.br
Publicação: 18/11/2014 06:00 Atualização: 18/11/2014 07:19

Brasília – Nunca o mundo teve tantos jovens. Um levantamento inédito do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), a ser divulgado hoje, mostra que eles são 1,8 bilhão de pessoas. Engrenagem do futuro global, contudo, parte dessa juventude está praticamente condenada. Conforme o relatório, 60% dessa parcela não tem acesso à educação e, consequentemente, ao mercado de trabalho. Pior: mais de 500 milhões lutam para viver com menos de US$ 2 por dia, abaixo da linha de pobreza considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O Brasil ocupa o sétimo lugar no ranking de países com maior número de jovens, 51 milhões. As primeiras posições são ocupadas por Índia (356 milhões) e China (269 milhões). Os entraves educacionais e culturais vividos pela juventude atual têm um “profundo efeito”, segundo o relatório, no futuro global. Com os investimentos certos, esses jovens podem representar uma oportunidade ímpar para “um crescimento econômico rápido e estabilidade”.

A pesquisa aponta a educação de qualidade como a maior prioridade – tanto para países ricos quanto para países pobres – em uma agenda de desenvolvimento mundial para os próximos 15 anos. Outras iniciativas estratégicas são necessárias, aponta o relatório, para que esses jovens se tornem adultos em um mundo com melhores indicadores econômicos e sociais: saúde, educação social, empoderamento feminino, e “uma vida livre de violência e discriminação” são alguns dos fatores citados.

O fundo considera que países como o Brasil e o México têm dado passos importantes nesse sentido por meio dos programas de transferência de renda. As experiências nos dois países têm dado credibilidade a esse tipo de iniciativa, à medida que a transferência de renda tem o poder de “alterar uma variedade de comportamentos” como, por exemplo, a redução do casamento e gravidez na adolescência.

Nos países em desenvolvimento, uma em três garotas se casa antes dos 18 anos, “ameaçando sua saúde, educação e futuro”. Esse tipo de comportamento tem impacto direto na economia. Um estudo do Banco Mundial mostra que a gravidez na adolescência, baseado na renda projetada para a mãe da criança, pode variar de um impacto de 1% no Produto Interno Bruto (PIB) da China até 30% no crescimento anual de Uganda, na África.

Mudanças
Para o professor de economia da pobreza da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Flávio Comim, além de desperdiçar uma oportunidade de crescimento, caso os países não aproveitem o momento correto para dar voz à juventude, a situação atual dos jovens pode se transformar em uma bomba relógio. Caso persistam os indicadores atuais, cada vez mais restrição de mão de obra e profissionais de baixa qualidade estarão presentes no mercado. Além disso, há o risco do aumento do tráfico e da violência.

O especialista explicou que o desenvolvimento cognitivo das crianças se estabiliza aos 10 anos e a capacidade de falar uma língua estrangeira com grande facilidade diminui aos 12. O professor da UFRGsS detalhou que o Brasil investe em programas nos quais o jovem estão no fim do processo de formação e a eficiência do gasto é baixo. “O que resolve é uma boa formação na educação básica.”

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