Identidade
Étnico-Racial no Brasil
A formação de cidadãos, mulheres e homens,
com diferentes maneiras de ser, viver, pensar, com seus próprios pertencimentos
étnicos-raciais, devem ser discutidos e
valorizados, suas experiências e contribuições devem ser prioridades, pois tudo
contribui para a formação da nação, da nossa cultura e sociedade. Nossa
identidade se forma a partir dos diferentes
grupos étnicos raciais que formam nossa nação, nossa visão de mundo e de
valores, de atitudes e posturas, se expressam a partir dessa vivência com o diverso.
Nossa sociedade sempre foi multirracial,
apesar da tentativa de negar a mestiçagem, o branqueamento era uma meta, havia
essa tentativa de nos equipararmos aos europeus, essa ideia ainda predomina, vivemos
em uma crença de que existe uma democracia racial, o que se mostra um equívoco.
Tentamos passar a ideia de uma sociedade que não vê as diferenças. Ao
ignorarmos o outro, tentamos passar a ideia de que tratamos todos com
igualdade, sem discriminação, mas esse ocultamento do diverso produz um
sentimento de não pertencimento a lugar nenhum.
A nossa constituição reconhece que a
discriminação existe e a repudia quando estabelece, por exemplo, que o racismo
é um crime inafiançável e imprescritível. A prática do racismo e discriminação
ocorre de maneira sutil, ás vezes não nos damos conta de que estamos praticando
o racismo, essa cultura está tão arraigada em nós, nos nossos hábitos, através
da história, que acabamos nos convencendo que realmente somos um país onde isso
quase não existe. A invisibilidade e a negação dificulta o combate ao racismo
no Brasil.
. Vivemos em uma sociedade com muitas
desigualdades raciais, são históricos os problemas que envolvem inferioridade e
superioridade entre grupos, decorrem muito da escravidão, onde os negros eram
tratados como coisas, objetos, sem direitos, propriedade dos homens brancos,
existindo apenas para a servidão. A raça
é um fator de desigualdade, embora tentemos negar a sua importância. O Brasil
teve a sua formação baseada na escravidão, foi onde surgiram as práticas
racistas que ainda hoje continuam a
existir.
A
discriminação racial gera muitos
problemas, cria desigualdades sociais.
O preconceito com o negro perdura em
nossos dias, fruto de uma mentalidade patriarcal e arcádica, herança de nossa
colonização européia, essa idéia de que o negro era inferior, servia para o
serviço braçal e pesado, era propriedade do senhor de escravos, de alguma forma
continua a influenciar as atitudes e os pensamentos predominantes na sociedade
atual.
O preconceito
racial continua a existir apesar de todo o nosso progresso, as transformações
sociais pelas quais passam a humanidade, não são capazes de eliminá-lo. Talvez
o preconceito seja algo inerente ao ser humano e prevalece até hoje porque
encontra eco, nos teóricos e nos escritos sobre o assunto. Ele continua
resistente e nos deparamos com ele a todo o momento. Esse é o racismo chamado
de institucional, que não é reconhecido nem admitido. Existe também o racismo
invertido ou racismo negro, que é uma reação ao racismo do branco.
O racismo existe. É
concreto, se manifesta das mais diversas formas, no âmbito escolar, no
trabalho, na sociedade como um todo, é onipresente. Preconceito, segregação e
discriminação são formas de expressar o racismo, diz-se que preconceito é
opinião sem conhecimento, mas é muito mais do que isso, pois ele envolve uma
idéia de valores negativos. A
discriminação pode gerar violência
física, causada pela intolerância, até violência simbólica.
O preconceito afeta as
vítimas de uma maneira cruel, não só o seu destino mas sua consciência, de
maneira que passam a achar que ser branco é o certo, que são seres inferiores,
deixando de perceber outros fatores externos importantes, distanciando-se assim
de sua identidade , de suas origens. O racismo não é apenas contra os negros,
se apresenta contra judeus, árabes, etc, mas principalmente contra os negros, é
um tema delicado, apesar de termos aberto mais as nossas mentes para o assunto.
Precisamos mudar as tradições, as ações do governo, as políticas públicas de
inclusão , romper o preconceito pessoal, requer que os negros criem alianças,
falem para todas as pessoas, se façam ouvir, não é simples mudar uma
mentalidade de séculos de discriminação.
Mariene Hildebrando
Especialista em Direitos Humnaos
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