Pátria
Amada Brasil!
Começo esse artigo um pouco contrariada por ter que
admitir que brasileiro adora falar mal de brasileiro e principalmente adora falar mal de seu país. Tem uma horrível
mania de achar que tudo que é estrangeiro é melhor. Uma pesquisa mostra que em
dois terços dos países do mundo, o Brasil é o país escolhido para se morar.
Segundo uma matéria que saiu no Estadão, o país aparece entre
os “12 lugares onde moradores de 65 nações – ouvidos pelos principais institutos de pesquisa do mundo – desejariam
viver.” A mesma pesquisa, porém, mostra que a elite brasileira gostaria de
morar fora.
O Brasil é um país com uma diversidade enorme,
multicultural, uma mistura de raças( Negros, índios, imigrantes europeus,
asiáticos ) que deram origem ao povo brasileiro. Um país com etnias e culturas
diversas, o que faz com que as manifestações culturais sejam inúmeras, cada
região do país com seus hábitos e costumes, com sua comida típica, suas danças,
sotaques diversos, ritmos e sons, várias religiões e crenças convivendo em
harmonia. Somos um país pacífico, com um povo alegre e acolhedor.
Possuímos vários tipos de clima, para todos os gostos.
Uma floresta tropical( floresta Amazônica) que é uma das maiores do mundo, com uma vasta
biodiversidade, fauna incomparável,uma
flora que representa quase 20% das espécies vegetais do nosso planeta, a maior
reserva de água doce do mundo, originada dos rios da Amazônia. Um país cheio de
contradições, de lugares belíssimos, com
uma natureza incomparável e exuberante, com um povo que não desiste, que acredita
que tudo pode melhorar, que vai as ruas, que reivindica e que cada vez mais tem
uma participação cidadã na vida do país. Temos cá nossas mazelas, deficiência
em várias áreas, saúde, educação, uma política que precisa de reformulação, de
mudança de paradigmas, precisamos acabar com o mito de que temos que levar vantagem
em tudo, deixar o jeitinho brasileiro para quando for realmente necessário,
acabar com a miséria, com o analfabetismo e outras tantas coisas que ainda não
estão a contento.
Na verdade o que me inspirou a escrever sobre esse
assunto, foi ter lido na internet um texto que
foi atribuído a uma escritora holandesa que dizia:
“ que o
brasileiro não tinha motivos para falar mal do Brasil”, e citava vários
dados sobre o Brasil e fazia comparação com outros países. Não sei se o texto é
verdadeiro, se a pesquisa citada realmente existe, mas concordo numa coisa: Não
valorizamos o nosso país, nem a nossa cultura, nem tudo de bom que realizamos. O
texto serve pelo menos para refletirmos a cerca de nós mesmos. Somos um país
com dimensões continentais, cheio de problemas, temos distâncias enormes nos
separando, país grande, problemas grandes também. Mas somos, sobretudo, um
povo solidário, alegre, de bem com a
vida, que recebe bem quem aqui chega, que acolhe, que confraterniza, se
precisar ajudar, vai ajudar e se comover. Muita gente falou que iríamos fazer
um papel feio na Copa, esperavam o pior, e não foi isso o que aconteceu, pelo
contrário, os estrangeiros que para cá vieram, ficaram encantados com a nossa
gentileza, com os nossos esforços para fazê-los se sentirem a vontade. As
cidades se enfeitaram, se coloriram para esse evento, o que se viu foi muita
alegria, brasileiro esbanjando simpatia, estrangeiros encantados com a nossa
gente, com nossas cidades. Segundo a Agência Brasil, torcedores experientes,
que já participaram de várias copas, dizem que a copa brasileira é a melhor da
história. Nossa hospitalidade, mais o sorriso fácil da nossa gente é impagável,
problemas existem em qualquer lugar, nem tudo sai como se quer, mas no cômputo
final, ainda nos saímos muito bem.
O ideal seria que não existissem problemas, mas nem tudo
sai a contento. E não podemos esquecer-nos das manifestações, acho que todos
tem direito de se expressar, mas sem violência e vandalismo. Quer demonstrar
que não está contente? Tudo bem, mas de modo civilizado. Temos é que acabar com
essa mania de falar mal do nosso país, a impressão da maioria dos estrangeiros
sobre nós foi boa, falaram bem da recepção, da hospitalidade, se encantaram com
nossas cidades e paisagens, muitos se surpreenderam com a acolhida e com o
esforço das pessoas em querer ajudar e estar disponível.
Somos livres para nos expressarmos ( liberdade de crença
e expressão, está lá no art. 5º Da Constituição Federal), mas vamos dar um
crédito para o nosso país, largar esse “ vício” que é o de falar mal do nosso
Brasil. Criticar, falar por falar, denegrir a nossa imagem , seja brasileiro ou
estrangeiro que o faça, me faz sentir mal. Somos um povo cordial, generoso e
amistoso, quem aqui esteve sentiu-se em casa. O Brasil tem muita coisa boa sim,
vamos começar a valorizar e falar bem do que temos de bom. Coisas boas e ruins
existem em qualquer lugar do mundo, não estou dando uma de patriota
enlouquecida que não enxerga os problemas, as críticas são sempre bem-vindas e
necessárias.
Temos que entender que se as coisas estão boas é mérito
nosso, e se não estão também é. O elogio tem que ter a medida certa, assim como
a crítica. Os problemas sociais, como educação, problemas com a saúde, a falta
de hospitais, transporte público, etc, com certeza não são exclusividade nossa,
acontecem em outros países também, assim como a violência, a miséria, a falta
de moradias, a criminalidade, a exploração do homem pelo homem. Devemos é fazer
algo de concreto, falar mal não resolve nada, e esperar que alguém faça por nós
também não. Dizem que temos o complexo de vira-latas -que se refere a um sentimento
derrotista e pessimista- uma visão de inferioridade em que nos colocamos em
relação ao resto do mundo, (essa expressão foi criada pelo escritor e
dramaturgo Nelson Rodrigues).
Esse sentimento de inferioridade está sempre presente,
estamos sempre achando que os outros são melhores, e que fazem tudo melhor que
nós. Onde está a nossa confiança? Nós precisamos que os outros nos digam que
somos bons?Precisamos do reconhecimento dos europeus, americanos, do resto do
mundo para nos valorizarmos? Com a globalização podemos comparar e por isso mesmo
devemos valorizar nossas conquistas. Somos únicos, e estamos destinados a
sermos grandes, fortes, um país que tem o que mostrar/ dizer, no cenário
mundial. Muito otimista? É assim que começamos a mudar as coisas...
Mariene
Hildebrando
Especialista
em Direitos Humanos
Email:
marihfreitas@hotmail.com
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