terça-feira, 22 de julho de 2014

Pátria Amada Brasil !

Pátria Amada Brasil!
            Começo esse artigo um pouco contrariada por ter que admitir que brasileiro adora falar mal de brasileiro e principalmente  adora falar mal de seu país. Tem uma horrível mania de achar que tudo que é estrangeiro é melhor. Uma pesquisa mostra que em dois terços dos países do mundo, o Brasil é o país escolhido para se morar. Segundo uma matéria que saiu no Estadão, o país aparece entre os “12 lugares onde moradores de 65 nações – ouvidos pelos principais institutos de pesquisa do mundo –  desejariam viver.” A mesma pesquisa, porém, mostra que a elite brasileira gostaria de morar fora.
            O Brasil é um país com uma diversidade enorme, multicultural, uma mistura de raças( Negros, índios, imigrantes europeus, asiáticos ) que deram origem ao povo brasileiro. Um país com etnias e culturas diversas, o que faz com que as manifestações culturais sejam inúmeras, cada região do país com seus hábitos e costumes, com sua comida típica, suas danças, sotaques diversos, ritmos e sons, várias religiões e crenças convivendo em harmonia. Somos um país pacífico, com um povo alegre e acolhedor.
            Possuímos vários tipos de clima, para todos os gostos. Uma floresta tropical( floresta Amazônica)  que é uma das maiores do mundo, com uma vasta biodiversidade, fauna  incomparável,uma flora que representa quase 20% das espécies vegetais do nosso planeta, a maior reserva de água doce do mundo, originada dos rios da Amazônia. Um país cheio de contradições, de  lugares belíssimos, com uma natureza incomparável e exuberante, com um povo que não desiste, que acredita que tudo pode melhorar, que vai as ruas, que reivindica e que cada vez mais tem uma participação cidadã na vida do país. Temos cá nossas mazelas, deficiência em várias áreas, saúde, educação, uma política que precisa de reformulação, de mudança de paradigmas, precisamos acabar com o mito de que temos que levar vantagem em tudo, deixar o jeitinho brasileiro para quando for realmente necessário, acabar com a miséria, com o analfabetismo e outras tantas coisas que ainda não estão a contento.
            Na verdade o que me inspirou a escrever sobre esse assunto, foi ter lido na internet um texto que  foi atribuído a uma escritora holandesa que dizia:
 “ que o brasileiro não tinha motivos para falar mal do Brasil”, e citava vários dados sobre o Brasil e fazia comparação com outros países. Não sei se o texto é verdadeiro, se a pesquisa citada realmente existe, mas concordo numa coisa: Não valorizamos o nosso país, nem a nossa cultura, nem tudo de bom que realizamos. O texto serve pelo menos para refletirmos a cerca de nós mesmos. Somos um país com dimensões continentais, cheio de problemas, temos distâncias enormes nos separando, país grande, problemas grandes também. Mas somos, sobretudo, um povo   solidário, alegre, de bem com a vida, que recebe bem quem aqui chega, que acolhe, que confraterniza, se precisar ajudar, vai ajudar e se comover. Muita gente falou que iríamos fazer um papel feio na Copa, esperavam o pior, e não foi isso o que aconteceu, pelo contrário, os estrangeiros que para cá vieram, ficaram encantados com a nossa gentileza, com os nossos esforços para fazê-los se sentirem a vontade. As cidades se enfeitaram, se coloriram para esse evento, o que se viu foi muita alegria, brasileiro esbanjando simpatia, estrangeiros encantados com a nossa gente, com nossas cidades. Segundo a Agência Brasil, torcedores experientes, que já participaram de várias copas, dizem que a copa brasileira é a melhor da história. Nossa hospitalidade, mais o sorriso fácil da nossa gente é impagável, problemas existem em qualquer lugar, nem tudo sai como se quer, mas no cômputo final, ainda nos saímos muito bem.
            O ideal seria que não existissem problemas, mas nem tudo sai a contento. E não podemos esquecer-nos das manifestações, acho que todos tem direito de se expressar, mas sem violência e vandalismo. Quer demonstrar que não está contente? Tudo bem, mas de modo civilizado. Temos é que acabar com essa mania de falar mal do nosso país, a impressão da maioria dos estrangeiros sobre nós foi boa, falaram bem da recepção, da hospitalidade, se encantaram com nossas cidades e paisagens, muitos se surpreenderam com a acolhida e com o esforço das pessoas em querer ajudar e estar disponível.
            Somos livres para nos expressarmos ( liberdade de crença e expressão, está lá no art. 5º Da Constituição Federal), mas vamos dar um crédito para o nosso país, largar esse “ vício” que é o de falar mal do nosso Brasil. Criticar, falar por falar, denegrir a nossa imagem , seja brasileiro ou estrangeiro que o faça, me faz sentir mal. Somos um povo cordial, generoso e amistoso, quem aqui esteve sentiu-se em casa. O Brasil tem muita coisa boa sim, vamos começar a valorizar e falar bem do que temos de bom. Coisas boas e ruins existem em qualquer lugar do mundo, não estou dando uma de patriota enlouquecida que não enxerga os problemas, as críticas são sempre bem-vindas e necessárias.
            Temos que entender que se as coisas estão boas é mérito nosso, e se não estão também é. O elogio tem que ter a medida certa, assim como a crítica. Os problemas sociais, como educação, problemas com a saúde, a falta de hospitais, transporte público, etc, com certeza não são exclusividade nossa, acontecem em outros países também, assim como a violência, a miséria, a falta de moradias, a criminalidade, a exploração do homem pelo homem. Devemos é fazer algo de concreto, falar mal não resolve nada, e esperar que alguém faça por nós também não. Dizem que temos o complexo de vira-latas -que se refere a um sentimento derrotista e pessimista- uma visão de inferioridade em que nos colocamos em relação ao resto do mundo, (essa expressão foi criada pelo escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues).  
            Esse sentimento de inferioridade está sempre presente, estamos sempre achando que os outros são melhores, e que fazem tudo melhor que nós. Onde está a nossa confiança? Nós precisamos que os outros nos digam que somos bons?Precisamos do reconhecimento dos europeus, americanos, do resto do mundo para nos valorizarmos? Com a globalização podemos comparar e por isso mesmo devemos valorizar nossas conquistas. Somos únicos, e estamos destinados a sermos grandes, fortes, um país que tem o que mostrar/ dizer, no cenário mundial. Muito otimista? É assim que começamos a mudar as coisas...
Mariene Hildebrando
Especialista em Direitos Humanos

Email: marihfreitas@hotmail.com

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