sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Internação Compulsória



INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA

            Sabemos que as drogas  destroem um ser humano, tanto física quanto moralmente e emocionalmente. Destrói as famílias e as pessoas que convivem com o usuário de droga. O uso de drogas, mais especificamente aqui, vamos falar do uso do crack, não é um problema particular, mas sim um problema social, que atinge todas as camadas sociais. O Crack é uma mistura de cocaína com bicarbonato de sódio e outros compostos químicos prejudiciais à saúde. Geralmente é fumado com cachimbos feitos em PVC, seu efeito é quase imediato, em 15 segundos já atingiu o cérebro e começa a produzir efeitos no corpo humano.
            Seu efeito dura aproximadamente 10 minutos, e a partir do primeiro uso da pedra, o vício é quase certo. A facilidade com que a droga é encontrada, o preço  baixo, aliado ao efeito que ela provoca que é intenso e muito rápido, faz com que  tenha se disseminado como se fosse uma epidemia. A Universidade Federal de São Paulo divulgou um estudo no ano de 2012 que coloca o Brasil como o maior mercado consumidor de crack no mundo. É uma droga barata, cinco vezes mais potente que a cocaína, mais acessível que outras drogas e difícil de largar.
            Sabemos que para deixar esse vício é necessário muito mais que força de vontade e o apoio da família. São necessárias ações que inibam o consumo dessa droga, o combate ao tráfico, e ações que ajudem a tirar do vício aqueles que já estão. Investimentos em programas de auxílio aos dependentes, investimentos em capacitação de profissionais da saúde e outros que trabalham com a dependência, investimentos em clínicas de reabilitação, programas do governo, políticas públicas, a união entre os governos estaduais municipais e o governo federal. Temos que entender que o trabalho começa com a prevenção, e que o crack virou uma “epidemia”.
            Baseado no fato de que o crack é uma droga que tem um efeito devastador muito agressivo no corpo humano e não permite que o usuário tenha discernimento sobre o que é melhor para ele, surgiu  uma proposta de política pública  que prevê a internação compulsória dos dependentes químicos. A polêmica está instalada. Todo mundo quer opinar, os que são a favor acham que essa medida é mais eficaz  que a prevenção, e  é o que tem de mais eficiente para salvar a vida do usuário e livrá-lo do vício pra sempre. Os que se posicionam contra, entre outros argumentos, dizem que a medida é inconstitucional. Fere um direito fundamental do ser humano, que diz respeito a nossa liberdade e ao nosso livre arbítrio, o direito de locomoção e o direito de decidir sobre sua vida.
            É claro que a medida vai necessitar do aval de um médico, não será feita de qualquer maneira. Sabemos que o uso desenfreado da droga aniquila e leva o ser humano a degradação completa, leva ao crime, a marginalidade, ás ruas, só o que importa é acalmar o vício aumentando o uso da droga.  O problema existe e ainda não temos noção exata do tamanho que ele tem, porque agora é que estão sendo feitos estudos mais detalhados sobre ele. É necessária a união de todos os setores da sociedade, somente com a participação de todos podemos pensar ser viável não perdermos tantas vidas para essa droga. A internação compulsória a meu ver vai ajudar a preservar vidas, quem sabe acabando com o vício que leva a morte. A compulsoriedade da internação está diretamente ligada a incapacidade que os usuários do crack possuem para decidir qualquer coisa, sem mencionarmos o fato de que procurar a internação por livre e espontânea vontade é algo muito difícil de acontecer, mesmo estando plenamente capaz de decidir, as pessoas tem dificuldade em reconhecer que possuem um vício, normalmente acham que podem parar no momento que  quiserem A internação compulsória não pode vir sozinha, há que se ter uma ação conjunta em que entre a prevenção e o combate ao tráfico também.
            É um tema complexo que trata uma questão muito grave, e essa medida apresenta prós e contras. Deve ser bem avaliada, levando-se em consideração todos os aspectos envolvidos, que são muitos. A participação da sociedade civil e a conscientização de que é preciso agir é de fundamental importância. O direito à vida é um dos direitos fundamentais do ser humano.  Vamos preservar a vida !

Mariene Hildebrando de Freitas
Professora e especialista em Direitos Humanos
Email: marihfreitas@hotmail.com

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