Sobre
olhares, sobre pontos de vista, sobre novos olhares...
Impressionante
como não conseguimos às vezes ser empáticos. Eu diria que é uma qualidade que
poucas pessoas possuem. Como conseguimos achar que aquilo que aconteceu conosco
é sempre pior, e o que aconteceu com o outro não foi tão ruim assim. Pessoas
sofrem com coisas que acontecem e muitas vezes o que se ouve é: isso não foi
“nada”, “já passou”,“ esquece”, como se aquela dor não fosse real , como se
bastasse dizer – Agora passou, já foi- . Infelizmente não é assim que as coisas
acontecem, nem é assim que funcionam. Somos pessoas, seres humanos providos de
sentimentos, eu até poderia dizer que alguns parecem não possuírem sentimentos,
mas na verdade o próprio desprezo pela dor do outro, o fato de achar que seus
problemas são mais relevantes e que sua dor é maior, já demonstra sentimentos:
A falta de amor e a falta de alteridade.
A
tolerância faz parte desse processo de nos colocarmos no lugar do outro. O
perdão também. Perdoar não é algo simples, requer vontade e tem que vir do
coração. Não basta querer, tem que surgir, e não devemos resistir, com certeza nos liberta de muitos
sofrimentos. Sofrimentos que muitas vezes são causados por nós, pela maneira
como encaramos alguns problemas. Conseguimos perceber melhor o que nos acontece
quando dividimos o que nos atormenta com outras pessoas. São outros olhares
sobre o mesmo problema, que nos fazem refletir sobre a maneira como estamos
enfrentando aquela situação. Claro que sempre vão surgir pessoas menosprezando
o que estamos sentindo, mas outras trarão respostas. Pontos de vista!
Verdades
absolutas são perigosas, nada nunca é tão definitivo assim. Não podemos é
desmerecer o que o outro pensa, nem querer impor nossa opinião. Se não concordo,
posso argumentar, mas não posso achar que a minha verdade é absoluta. O
menosprezo do outro pelo que sentimos nos causa dor, as vezes raiva e
indignação, é aí que temos que praticar a tolerância e entender que ele não
está errado só porque não sente e nem vê o que eu vejo e sinto. Somos
diferentes e essa diversidade nos faz ter pontos de vista diferentes. Cada um passou
por experiências e aprendizados únicos, o que fatalmente nos leva a pensar de
maneira única. Nossas experiências nos fazem ter atitudes, opiniões e
pensamentos de acordo com nossas vivências, com nossa educação, com a cultura
em que estamos inseridos. Nossa capacidade de perceber e compreender o outro
tem a ver com a bagagem que trazemos conosco.
Podemos
fazer desses embates algo bom e proveitoso, mesmo quando o que o outro me diz
se distancia completamente do que penso e acredito. Tenho aí uma oportunidade
de crescimento e aprendizado, Não é fácil ficar quieto diante daquilo que contraria
totalmente o que pensamos, mas entrar numa discussão que pode levar não só
muito tempo, como também uma amizade embora, não me parece saudável.
O
ideal seria fazer da diversidade de pensamentos uma oportunidade para crescer.
Isso não quer dizer que tenho que engolir tudo quieta. É saudável a discussão. Pontos de vista diferentes nos ajudam a
evoluir e a fazer as coisas de uma maneira diferente. O ponto de vista que não
considero saudável é aquele que menospreza a dor do outro., que não respeita a
opinião alheia. Só quem passa por algo muito difícil e dolorido sabe o que está
sentindo. Quem defende suas ideias com “unhas e dentes” sabe no que acredita.
Fato
é que novos olhares podem nos levar a novos caminhos, novas soluções, mas nada
disso fará sentido se eu não praticar a empatia. Isso é o que nos torna
humanos, isso é o que faz a diferença.
Como
dizia o nosso querido poeta Mario Quintana,
O TEMPO É UM PONTO DE VISTA. VELHO É
QUEM É UM DIA MAIS VELHO QUE A GENTE...
Mariene Hildebrando- Professora e
especialista em Direitos Humanos
Email: marihfreitas@hotmail.com
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