terça-feira, 2 de abril de 2013

Homem Ser Racional





            Dizer que o homem é o único ser que mata outro  por maldade, por raiva, por vários motivos, todos fúteis( a maioria), e sem justificativas, é quase como “chover no molhado”. Mas em se tratando de seres humanos tudo é possível e nada deveria nos surpreender mais. A verdade é que ainda nos surpreendemos com o que o homem é capaz de fazer em termos de desrespeito a outro ser, não me refiro apenas ao ser humano. Há alguns dias assisti a uma reportagem na televisão que me deixou  chocada, me dei conta que ainda não estou insensível a todas as barbáries que presenciamos todos os dias, ainda não estou anestesiada, a enxurrada de informações desse tipo é tão grande que alguns de nós acabam criando uma camada de insensibilidade como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.             Assim como eu, muitas pessoas ainda ficam chocadas com certas coisas que o ser humano é capaz de fazer, por pura maldade, por falta de respeito , por não se colocar no lugar do outro, não praticar a alteridade, por egoísmo e insensibilidade e outras tantas razões que não servem de maneira alguma como justificativa de nada que possa colocar outro ser (humano/animal) em desvantagem, em situação precária e humilhante, em situação de risco, que comprometa sua integridade física ou mental.
            E  nós ditos seres racionais seguimos surpreendendo, ignorando leis e direitos, ignorando deveres, regras básicas de educação, esquecendo-nos de sermos caridosos, praticarmos a compaixão e o amor. O que me deixou chocada foi a matéria sobre o caso do taxista moçambicano de 27 anos que foi algemado a traseira de  um carro de polícia e arrastado  pelas ruas na África do Sul, após  a discussão com os agentes policiais, sobre estacionamento numa praça de taxi, e que veio a morrer depois na prisão.  Nada justifica essa atitude de desrespeito  e desvalorização da vida e do ser humano. O homem perdeu a noção dos limites. Vivemos numa sociedade intolerante, violenta, e que não sabe conviver com a diversidade, banalizando o mal  e deixando a ética de lado.
             O que dá a certas pessoas o direito de pensar que podem tudo? Que podem julgar e punir conforme suas crenças? Com certeza a falta de limites é um dos motivos. Existem normas éticas e morais que são universais, direitos humanos que são o fundamento da condição humana, não precisariam estar positivados pelo simples fato que os temos desde sempre, mas eles estão na Declaração Universal dos Direitos Humanos, nas constituições, nas leis, a sociedade garante assim o respeito a dignidade humana. O homem é um transgressor das próprias leis que ele cria, e cria leis porque não consegue viver em sociedade se não houver regras, havendo, já comete transgressões inomináveis, sem elas viveríamos no caos absoluto. O ser racional é cruel.
            Não vou entrar na discussão sobre a crueldade fazer parte da natureza humana ou ser provocada pelo meio em que se está inserido, isso daria um outro texto, mas não vem ao caso. Aqui quero deixar claro que precisamos repensar o que é viver e fazer parte de uma sociedade. Que valores queremos ver melhorados, que presente queremos construir para os nosso filhos viverem um futuro mais feliz, de respeito, de paz e de comunhão, com um espírito de fraternidade e de união. Onde essas atitudes “desumanas” não encontrem espaço e nem justificativas de quem as comete. Atrocidades são cometidas contra pessoas e contra animais, e a barbárie humana parece não ter limites. O que não podemos é nos acostumar com esse tipo de notícia, não devemos fechar os olhos e achar que nós não somos assim, SOMOS, (nós humanos).
             Mas acredito que nem tudo está perdido, acredito que exista mais bondade e amor do que maldade e que o ser humano ainda tem salvação.

Mariene Hildebrando de Freitas
Advogada e especialista em Direitos Humanos
Email: marihfreitas@hotmail.com
             


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