As Relações de Alteridade e Cultura
Alteridade é nos colocarmos no lugar do outro. Não é fácil entendermos o outro na sua dimensão, esse conceito e essa visão do outro passou a ser diferente, se antes tínhamos um outro com realidades diferentes, hoje em dia com a globalização e a tecnologia, o outro passou a ser familiar para nós, as fronteiras já não existem, isso não quer dizer que se tornaram nossos conhecidos. Ao olhar o outro, somos afetados e também afetamos, produzindo assim transformações que se tornam irreversíveis.
Praticar a alteridade nos leva a exercer a cidadania, aprendemos com o outro, com o diferente, só assim haverá troca de informação, só assim ocorrerá uma relação entre as pessoas. Devo dizer que a maioria das pessoas acha que a identidade cultural é preexistente ao sujeito, a cultura já existe. Está pronta e o sujeito adapta-se a ela, não é estática, está sempre mudando. A identidade cultural é o que caracteriza um povo, uma nação, é o que a pessoa traz consigo, sua bagagem, um sentimento de pertencimento a uma cultura, a um lugar que nos dias de hoje tem se mostrado amplo demais, se confundindo justamente com o seu contrário. Parece que não pertencemos a lugar nenhum. A construção de uma identidade envolve muitas situações dentro de uma sociedade.
Hoje em dia esse conceito de identidade se ampliou muito em função principalmente da globalização, alteridade e identidade estão cada vez mais difíceis de serem identificadas. Não são mais um conjunto de valores fixos e imutáveis, a tecnologia nos permite a troca de informação de maneira rápida, a globalização ultrapassa fronteiras. Esse intercâmbio modifica a construção da identidade. Não podemos querer cristalizar uma sociedade, parando–a no tempo com medo de nos perdermos da nossa cultura, da nossa história, pois o novo é que dá fôlego para a sociedade se manter. Através da identidade o indivíduo se reconhece, se localiza no espaço, em um ambiente, se acha inserido em um meio do qual faz parte.
O fato é que as identidades não estão mais tão nítidas, as mudanças estão sempre ocorrendo devido ao processo de globalização. Devemos entender que a identidade cultural de uma sociedade se compõe de diversas partes e todas são importantes, não podemos nos ater a um aspecto só, é como se fosse um quebra cabeças, onde todas as partes se encaixam. Entendo que existe muita dificuldade de entendermos o outro, de nos colocarmos no lugar do outro e principalmente de nos colocarmos como aprendizes. Frei Betto em seu artigo “ Alteridade,Subjetividade e Generosidade diz que:
“Estamos perdendo a vida interior, e entrando em outra anomalia, a hipertrofia do olhar e a atrofia do escutar.”
Estamos cada vez mais centrados em nós mesmos, sem percebermos que nossas ações são determinadas nas relações com os outros. Só nos completamos nessa relação com o outro. O conflito acaba ocorrendo na medida em que me distancio do outro, achando que me basto sozinho. Os conflitos sociais são maiores a medida que ocorre menos alteridade nas relações sociais. Através da alteridade conseguimos construir uma relação com os diferentes e conseguimos aprender com o contrário, isso é fundamental para exercermos plenamente nossa cidadania e evitarmos muitos conflitos.
É necessário esse olhar sobre o outro, nos colocarmos no lugar do outro, dialogar. A alteridade ocorre não somente entre indivíduos, mas também entre os diversos grupos culturais, como disse Marting Luther King :
“ Ou aprendemos a viver como irmãos, ou vamos morrer juntos como idiotas”.
Praticar a alteridade diante desse mundo globalizado é essencial para entender e evitar os conflitos, sabemos que a oportunidade de crescimento se encontra nas adversidades, não há muito que aprender na igualdade, mas. ao contrário , quando lidamos com o diferente, crescemos e vivenciamos uma relação alteritária de verdade. Aquele que não consegue aceitar que o outro tenha uma visão diferente da sua não está exercendo a alteridade, não possui a capacidade de conviver com o diferente, não reconhece que o outro possui os mesmos direitos.
Essa forma de enxergar o mundo e o outro é geradora de conflitos, porque faz nascer a discriminação, o preconceito, os estigmas, o ódio. Devemos praticar a nossa sensibilidade com o outro, enxergá-lo, nos colocarmos no lugar do outro em todas as situações, temos que aprender a conviver com a pluralidade. Devemos lutar pela paz, pela não agressão, pelo não julgamento, coisa que só quem possui a alteridade em seu interior pode fazer, respeitando a maneira de ser das outras pessoas, entendo que somos diferentes, mas ao mesmo tempo, fazemos parte da humanidade.
Concluo com um pensamento de Oscar Niemayer que diz: “ Nunca deixo de pensar naqueles que sofrem, e junto com eles caminho solidário”
Autor: Mariene Hildebrando
e-mail: marihfreitas@hotmail.com
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2 comentários:
Me ajudou muito, excelente texto!
Obrigada "Anônimo". É bom saber que estou contribuindo e ajudando de alguma forma.
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