sexta-feira, 21 de novembro de 2008

sobre educação


Há muito tempo sabemos que a educação, ao invés de ser a solução, virou um problema. Um problema para os Estados, que se vêem de mãos atadas cada vez que depositam o salário de seus funcionários; um problema para os pais, que cobram da escola ensinamento de todo o tipo aos seus filhos; um problema para os alunos, que não estão muito interessados naquilo que os professores ainda insistem em ensinar e até mesmo para os próprios professores, que muitas vezes não sabem nem o que estão fazendo dentro de uma sala de aula.
Trago este tema, porque estamos em meio a uma greve. Não esperem neste artigo que eu defenda A nem B, porque a intenção não é a defesa e nem o ataque: é simplesmente um desabafo de idéias que ao longo de muitos anos pululam em minha cabeça.
Assim como esta greve, muitas já vieram e muitas outras virão. Em nenhuma, questões que também compõem a educação, como as citadas acima, se resolveram e nem sequer foram levantadas. Em nenhuma greve que virá este problema vai se resolver. Sabe por quê? Porque não há nenhum interesse de se discutir seriamente a educação. Este tema não ‘rende’, é pouco ‘comercial’, entendeu? Não interessa se o teu filho aprendeu ou se ao terminar a escola saiba dizer a razão de ter passado durante anos nesta ou naquela Instituição de Ensino. Interessa que ele tenha terminado suas obrigações e que dali, ou procure um emprego ou faça qualquer coisa que ganhe alguns trocados pra sobreviver. Se der sorte, ele vai ser bom e vai ganhar muito dinheiro, afinal, vivemos num sistema capitalista, mas isto já é questão para outro artigo. Infelizmente, a educação é tratada por toda uma sociedade como algo obrigatório, independente se ela é bem construída ou não. O que interessa é completar a idade mínima e ir pra escola, sem ao mesmo dizer à criança o porquê de tudo aquilo. Daí, a gente sabe o que acontece depois.
Estudei minha vida inteira em escola pública e aprendi muito com meus professores. Nesta escola que vocês hoje estudam, fui aluna de excelentes profissionais, nos quais me lembro até hoje. Profissionais estes, que sempre me fizeram refletir e descobrir sozinha minhas próprias dúvidas. Agradeço por isso. Senão eu seria uma acomodada. Tenham certeza: não é bom ganharmos as respostas, mas é uma delícia procurar, investigar, ler qualquer coisa para saber se vai nos trazer respostas ou não. Platão, o filófoso, não buscava as verdadeiras essências da forma física como buscavam seus seguidores, buscava a verdade essencial das coisas. Dos filósofos, a máxima ‘só sei que nada sei’, de Aristóteles permenace bem viva e presente em minha vida.
Acho que não sou mais nem menos do que qualquer pessoa que estudou em escola particular. Aprendi muitas coisas na escola, outras passaram ‘meio’ batidas, mas o essencial eu entendi. Entendi porque eu tinha que ir pra escola. Entendi o que é uma escola e porque se faz educação. Aprendi a amar a educação e valorizá-la, entender a sua importância e de quem a faz. Aprendi que esta instituição chamada escola, está sim defasada, mas não pode deixar de existir. E para sobreviver ela tem que mudar. Mas enquanto isso não for discutido seriamente, for tratada tanto por governos como pela própria sociedade com a propriedade que merece, a escola vai continuar não dizendo a que veio, os professores continuarão sendo meros atores sem público e sem papel e os alunos fingindo que acreditam naquilo que a escola e os professores dizem.
Concordem ou não, estas são apenas divagações sobre quem acredita que a educação é o único caminho para uma sociedade digna e respeitosa.
Cecília Blaskoski

Um comentário:

Mariene Hildebrando disse...

Concordo com tudo e assino embaixo!
A educação não é levada a sério nesse país.
Bjo profª Mari.